As semelhanças entre o Automobilismo real e virtual vão muito além da aplicação das físicas de simulação e as regras e critérios no desenvolver de um evento.

Fora das pistas, equipes e pilotos reais e virtuais têm o mesmo comportamento, que por muitas vezes, estressam as relações e se refletem dentro da pista, seja ela real ou não.

O automobilismo tem uma particularidade em relação às outras modalidades esportivas. No evento, são várias equipes competindo simultaneamente e apenas uma vencedora. Diferentemente do futebol, basquete, volei, tênis e outras modalidades, que um lado vence e outro perde, no automobilismo há mais lados perdedores que vencedores a cada evento.

Nas categorias reais há muita disputa política. Na F1, por exemplo, vemos as equipes sempre defendendo os seus interesses particulares e não se importam em abandonar a categoria caso não tenham o retorno financeiro esperado pelo esforço de participar da competição. Nas categorias virtuais também sempre vemos os pilotos virtuais abandonando as corridas quando sentem que não têm chances de bons resultados, mesmo em categorias 100% niveladas (o que é possível somente nas corridas virtuais).

Na Formula 1, por exemplo, podemos comparar a reclamação de Adrian Newey sobre as cada vez mais restritivas regras de desenvolvimento do carro com as reclamações feitas pelos gerentes de equipes virtuais que não aceitam muito bem qualquer tipo de regra que nivele cada vez mais os pilotos. Podemos comparar também o episódio do GP de Silverstone de 2014, no qual Vettel e Alonso trocaram reclamações mutuas tentando induzir à Direção de Prova a punir o adversário. No virtual, é comum os pilotos trocarem acusações na esperança de ter uma vantagem sobre uma punição adversária.

Por mais estressante e desgastante que possa parecer, isso é normal e até esperado. Ainda mais por outra característica particular dos simuladores: a ausência de perigo físico. Isso estimula os pilotos a realizarem manobras muito mais arrojadas do que as corridas reais podem proporcionar. Do outro lado, o piloto que sofreu a manobra se sente prejudicado com maior facilidade. Por isso é até comum ver nos campeonatos de Automobilismo Virtual uma redução do grid gradual nas etapas finais. Esse é o lado ruim dessa ênfase na competição. Por outro lado, mesmo que indiretamente, essa política de paddock cria uma atmosfera de bastidores que dá um brilho a mais às corridas online e a aproxima ainda mais das corridas reais.

De maneira geral, para participar de uma corrida (online ou real) é preciso maturidade muito maior por parte das equipes e pilotos. Por mais que a organização tente minimizar essa guerra de bastidores, é uma característica que nem mesmo o melhor clube de automobilismo virtual pode eliminar. O melhor a fazer nessa situação é lembrar-se que correr online é um mero entretenimento. Uma alternativa mais econômica de sentir na pele toda a adrenalina proporcionada por uma corrida de carros.

Por Andrei Fonseca