Quem acompanhou a Formula 1 hoje no travado circuito da Hungria, assistiu duas corridas distintas: o domínio quase absoluto da Mercedes em duelo quase como Davi e Golias contra a Red Bull e os dramas do meio do pelotão.

Para alguns torcedores, a Formula 1 perdeu a graça, seja por domínio total de uma equipe ou por não ter representantes nacionais expressivos no grid. E essa falta de interesse está muito mais ligada ao formato que ela foi vendida ao público ao longo dos anos 80 e 90 do que alguma mudança na filosofia da própria categoria.

Então vamos aos fatos que ilustram como o grande público foi induzido ao erro ao longo do tempo.

 

No Automobilismo, piloto corresponde apenas a uma pequena parte do todo

Quem leu o título acima já está formulando o argumento de que em uma categoria nivelada como a Indy, Nascar, Stock Car, Formula E ou as de base como F2 e F3, o talento do piloto é diferencial. Este argumento é válido até certo ponto. Nestas categorias, equipes com melhor infraestrutura tem melhores condições técnicas e de recursos (humanos e materiais) para fazer a manutenção e fazer o melhor uso (estratégia) do equipamento ao longo da temporada.

Formula 1 - Lance Stroll

Exemplo claro na Formula 1 tem sido a Racing Point, um carro claramente copiado da Mercedes, que tem se mostrado competitivo em determinadas circunstâncias. Mas a infra-estrutura proporcionada pelos 2,4 bilhões de dólares do investidor canadense Lawrence Stroll não se comparam com a divisão esportiva da alemã Mercedes-Benz, a mais antiga empresa de automóveis e veículos comerciais do Mundo.

A estratégia correta foi capaz de colocar a pequena Haas na frente do grid. Mas o carro não é competitivo. E os pilotos nada puderam fazer para continuar na frente ao longo dos 300km de prova. E a Ferrari, no exemplo contrário, com todo seu orçamento e tradição, errou a estratégia e tirou Charles Leclerc da zona de pontuação.

 

No final, o que conta é a Equipe

Alguns pilotos na Formula 1 são inquestionáveis. Um deles é Max Verstappen. O holandês tem uma personalidade que traz uma atratividade para o Circo e tem um estilo de pilotagem que proporciona grandes momentos na corrida. E hoje, se não fosse todo o empenho dos mecânicos, ele sequer estaria no grid após bater nas voltas de alinhamento do grid momentos antes da largada.

Formula 1 - Red Bull

Lewis Hamilton também é outro piloto inquestionável. Porém alguns dos torcedores ignoram toda a infra-estrutura que conduziu a carreira de Hamilton ao longo do tempo. Ele tem mérito sim, afinal ninguém vai investir recursos em algo que não acredita no potencial. Mas se hoje estão construindo a imagem do quebrador de recordes, isso só é possível porque ele sempre esteve em equipes do primeiro pelotão, na maioria das vezes (não sempre) com o carro dominador.

Veja abaixo todo o drama da Red Bull:

 

O mito na Formula 1 que induziu o Automobilismo Virtual ao erro nos e-Sports

Essa visão distorcida sobre o papel do piloto, feita pela própria categoria e propagada pelas emissoras com direito de transmissão, criou mitos como Senna, Schumacher, Hamilton e tantos outros. E estes mitos induziram a industria de simuladores a projetar jogos que colocam o piloto no papel central da ação.

Formula 1 - Hamilton

Claro que é difícil imaginarmos algo diferente disso, afinal o tempo todo somos bombardeados com a construção dos heróis da velocidade em seus Formula 1.

Mas olhe para o lado nos e-Sports e veja que Counter-Strike, League of Legends e outros jogos são competitivos entre times. E a própria Liberty Media tem investido em mudar essa visão com o Drive to Survive, série que mostra os bastidores da Fórmula 1 na Netflix, e o novo modo Minha Equipe no F1 2020 da Codemasters.

Talvez o caminho para tornar o Automobilismo Virtual um e-Sport relevante seja um trabalho mais focado das equipes. Mas isso é assunto para outra coluna.

E o que vocês acham? Vamos trocar uma ideia nos comentários abaixo! Até a próxima!

 

Ah, se você não assistiu a 3ª Etapa do Campeonato de F1, veja os melhores momentos abaixo: